Montadoras são as que mais importam carros, aponta Abeiva
SÃO PAULO – Os importadores de carros procuraram minimizar hoje a importância do setor no déficit comercial apresentado pela cadeia automotiva nos últimos dois anos.
Durante a apresentação dos resultados de 2010, o presidente da Abeiva, José Luiz Gandini, usou números para mostrar que, na verdade, as montadoras com fábricas instaladas no Brasil são as grandes responsáveis pela invasão de carros importados.
Conforme a entidade, as marcas associadas à Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) responderam por 83,89% de todas as importações realizadas no ano passado. O restante, segundo a Abeiva, foi efetuado pelos importadores independentes.
“As próprias montadoras estão ampliando as importações”, disse Gandini ao rejeitar a idéia de que os importadores estão provocando o saldo negativo na balança comercial automobilística.
Ontem, a Anfavea informou que a cadeia, que inclui o setor de autopeças, marcou déficit comercial de US$ 5,7 bilhões de janeiro a novembro de 2010, acima do saldo negativo do ano anterior, de US$ 3,7 bilhões. Só no ano passado, as importações superaram as exportações de veículos montados em 158 mil unidades, disse a associação das montadoras.
Considerando-se os volumes que entraram em estoques – que ainda não chegaram ao consumidor final -, as importações pelos importadores independentes somaram 118,87 mil unidades em 2010, volume que ficou muito perto da marca histórica registrada em 1995, quando 119,54 mil carros chegaram ao país por meio das associadas da Abeiva.
Para a entidade, os negócios devem seguir em alta neste ano, mas as incertezas em relação ao câmbio – com a possibilidade de novas ações do governo para segurar o real – dificultam as estimativas. “Esse ano é muito questionável porque não sabemos o que ainda virá em medidas para o câmbio”, comentou Gandini.
A aposta da Abeiva é que a taxa de câmbio fique em R$ 1,90 até dezembro, ante a cotação atual de R$ 1,68. Com base nessa premissa, espera-se que os emplacamentos de carros importados fechem este ano em 165 mil unidades, marcando um avanço de aproximadamente 57%.
No entanto, Gandini lembrou que a venda de carros não está apenas ligada ao câmbio, dado que o comportamento do crédito também tem influência determinante nos negócios, sobretudo em marcas mais populares. “Não é só o dólar vir para R$ 1,60 e as vendas dobram”, afirmou.
Junto com o crescimento do mercado, os importadores buscaram no ano passado acelerar o crescimento de suas redes de distribuição. O setor fechou 2010 com 560 revendas, 190 a mais do que em 2009.
(Eduardo Laguna | Valor)
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