Onde protecionista poderá surgir em face dos desequilíbrios nas balanças comerciais
Desequilíbrio nas balanças comerciais reacende temor de onda protecionista GRAZIELLE SCHNEIDER COLABORAÇÃO PARA A FOLHA / Fonte: Folha de São Paulo. A turbulência cambial está causando um desajuste nas balanças comerciais dos países — com China e Alemanha exportando muito, e emergentes como o Brasil perdendo espaço no mercado mundial. Isso faz reacender o medo do protecionismo, que prejudicou a recuperação econômica após a crise de 1929, e agora ameaça novamente a reativação econômica global. “A ameaça de protecionismo nasce para compensar os desvios cambiais. Isso vai atrapalhar o mercado mundial. Se a gente não resolver o problema cambial, o que a gente vai provocar é uma ênfase do protecionismo através de tributos”, afirma Celso Grisi, economista da FIA (Fundação Instituto de Administração) e da USP (Universidade de São Paulo). Para Armando Castelar, pesquisador de economia aplicada da FGV (Fundação Getulio Vargas), há dois tipos de protecionismo que merecem preocupação. “O primeiro é o de tarifas contra importação ou outras formas disfarçadas, por exemplo, medidas de antidumping ou privilégios para bens produzidos no país”, diz. O segundo é a proteção por meio da conta de capital, restringindo os investimentos estrangeiros, que ele afirma que é o que a China faz. “O que, no fundo, é a discussão que o Brasil está tentando endereçar, é o espírito do IOF”, afirma, em referência ao aumento da alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras de investimentos estrangeiros nas aplicações de renda fixa, feito pelo governo brasileiro. ALERTA A OMC (Organização Mundial do Comércio) alertou sobre o perigo de aumento do protecionismo em um relatório destinado ao G20. “Vimos nos últimos meses um aumento perigoso das pressões protecionistas geradas pelos desequilíbrios mundiais, num momento em que o consenso político a favor de uma abertura do comércio e os investimentos já estão sob tensão”, afirmou a organização em função do alto desemprego nos países do G20. Em carta conjunta que acompanha o relatório, a OMC, a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômicos) e a CNUCED (Conferência das Nações Unidas sobre o Comércio e o Desenvolvimento) classificaram o protecionismo como um dos três maiores riscos para a economia mundial e destacaram “sinais de intensificação das pressões protecionistas, nuvens escuras produzidas pelo persistente desemprego elevado em muitos países do G20, desequilíbrios macroeconômicos entre esses países e tensões cambiais”. Também advertiram: “Utilizar as restrições ao comércio ou para os investimentos nestas circunstâncias só complicará o objetivo de encontrar e aplicar soluções muito esperadas” para resolver uma situação econômica mundial muito frágil.