Tragédia no Japão deve impactar nas exportações brasileiras
Terremoto no Japão pode afetar venda de minério NATÁLIA CANCIAN TATIANA FREITAS DE SÃO PAULO GABRIEL BALDOCCHI COLABORAÇÃO PARA A FOLHA A tragédia no Japão deve afetar as exportações de minério de ferro, que representa metade do que é vendido pelo Brasil ao país. A curto prazo, pode ocorrer um adiamento e até a suspensão dos embarques, já que a logística está prejudicada, avalia o vice-presidente da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil), José Augusto de Castro. A tragédia deve afetar os preços no mercado global. Pelo menos três siderúrgicas foram afetadas pelo desastre, o que pode provocar uma oferta adicional do minério no mercado “spot” (à vista). “É possível que o minério que havia sido contratado por essas empresas seja direcionado ao mercado “spot”, pressionando os preços [para baixo]”, diz o analista de siderurgia do banco Sicredi, Carlos Kochenborger. O impacto dessa desvalorização no próximo reajuste trimestral, no entanto, ainda é incerto. Para Jim Forbes, da PricewaterhouseCoopers, o efeito será diluído pelo novo modelo de precificação. “Eventualmente, pode ocorrer uma queda na quantidade do que é exportado para o Japão”, afirma Castro. A Vale diz que, por enquanto, as operações estão mantidas. O Japão é o segundo maior importador global de minério e responde por 11% da receita da Vale. O produto representou 53% das vendas brasileiras ao país. FRANGO Como efeito inverso, a carne de frango pode ter aumento na exportação, diz a União Brasileira de Avicultura. Segundo o presidente da entidade, Francisco Turra, os estoques japoneses baixos e a previsão de desabastecimento podem acelerar a necessidade de alimentos. O Japão é o segundo maior consumidor de carne de frango do Brasil -comprou 386 mil toneladas em 2010. Pelo lado das importações, a maior demanda do Brasil é no setor automotivo. O Japão é o primeiro no ranking das entradas de autopeças. Apesar disso, Honda, Toyota e Nissan alegam um índice médio de 80% de nacionalização das peças e afirmam que a produção no país não será afetada.